TEXTO:MATEUS 7.24-27
INTRODUÇÃO: Para grande parte dos comentaristas bíblicos, edificar a casa sobre a rocha significa ser um discípulo que ouve e coloca em prática o que aprendeu, não que age com imprudência e superficialidade. A obediência é o sólido fundamento para que se possa resistir às tempestades da vida
INTRODUÇÃO: Para grande parte dos comentaristas bíblicos, edificar a casa sobre a rocha significa ser um discípulo que ouve e coloca em prática o que aprendeu, não que age com imprudência e superficialidade. A obediência é o sólido fundamento para que se possa resistir às tempestades da vida
Segundo Joel B. Green esta parábola traz a necessidade de colocar os ensinamentos de Jesus em prática e fala do "contraste entre dois tipos de pessoas cujos corações são revelados em suas ações."
A interpretação habitual volta a João Crisóstomo (c. 347-407), que escreveu em sua Homilia 24 sobre Mateus:
Por "chuva", "alagamento" e "ventos" Ele está expressando metaforicamente as calamidades e aflições que se abatem sobre os homens, como as falsas acusações, intrigas, luto, mortes, perda de amigos, os aborrecimentos, todos os males em nossa vida que qualquer um poderia citar. "Mas nenhuma dessas", diz Ele, "Abala a alma, que é fundada sobre a rocha." Ele chama a firmeza de Sua doutrina penha, porque na verdade os seus mandamentos são mais fortes que qualquer rocha, estabelecendo algo acima de todas as aflições humanas. Para aquele que guarda estas coisas rigorosamente, não terá a vantagem somente sobre os homens, mas até mesmo dos demônios que muito conspiram contra ele. E que não é vã jactância, por assim dizer, Jó é o nosso testemunho, que recebeu todos os assaltos do demônio, e pôs-se inabalável, e os apóstolos também são nossas testemunhas, que quando as ondas do mundo inteiro estavam batendo contra eles, quando ambas as nações e os príncipes, o seu próprio povo e estrangeiros, tanto os espíritos malignos e ao diabo, e cada motor foi colocado em movimento, eles ficaram mais firme do que uma rocha e dispersaram tudo.
R. N. Champlin fez o seguinte comentário: "Qual pode ser a utilidade do fervor religioso, se o indivíduo não se encontra com Cristo por seu intermédio? Nenhuma, responde o evangelista. Isso ele ilustra com a parábola dos dois alicerces. A religião, por si mesma, se é símplice, não pode servir de alicerce sólido. A nossa conduta moral, o nosso misticismo, as nossas orações, os nossos estudos, a nossa meditação, o uso que fizermos dos dons espirituais, tudo deve conduzir-nos a Cristo, pois, do contrário, nada serão".
Para Matthew Henry, Cristo mostra que não bastará reconhecê-lo como nosso Amo somente de palavra e língua. É necessário para a felicidade que acreditem em Cristo, que se arrependam do pecado, que vivam uma vida santa, que se ame uns aos outros. Esta é sua vontade, a santificação. Tenha cuidado de não apoiar os privilégios e obras externas, não seja que se engane e pereça eternamente com uma mentira ao lado, como o fazem multidões. Que cada um que invoca o nome de Cristo se afaste de todo pecado. Existem outros cuja religião descansa no puro ouvir, sem ir além; suas cabeças estão cheias de noções vazias. Essas duas classes de ouvintes estão representados pelos dois construtores. Esta parábola nos ensina a ouvir os ditados do Senhor Jesus: alguns podem parecer duros para carne e sangue, mas devem ser feitos. Cristo está colocado como fundamento e toda outra coisa fora de Cristo são areia. Alguns constroem suas esperanças na prosperidade mundana; outros, numa profissão externa de religião. Sobre estas se aventuram, mas estas são só areia, demasiado fracas para suportar uma trama como nossas esperanças do céu. Há uma tormenta que vem e provará a obra de todo homem. Quando Deus tira a alma, onde está a esperança do hipócrita? A casa desabou na tormenta, quando mais a necessitava o construtor, e esperava que lhe servisse de refúgio. Caiu quando era demasiado tarde para edificar outra. O Senhor nos faça construtores sábios para a eternidade. Então, nada nos separará do amor de Cristo Jesus.
Comentários biblícos
7.24. "Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as observa, será comparado a um homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha."
Jesus usa aqui uma ilustração que também pode ser encontrada nos escritos dos judeus. Essa ilustração poderia ter sido muito instrutiva para uma audiência oriental, afeita às - tempestades características- da região (violentas, repentinas, que às vezes provocavam grande destruição). Chuva no telhado, um rio nos alicerces, vento nas janelas, exigiam uma construção firme, com bons alicerces.
"Ouve estas minhas palavras". Jesus faz aqui a aplicação do sermão. Provavelmente Jesus usou essas palavras em outras circunstâncias, noutros sermões, para mostrar a necessidade que o povo tinha de receber o Cristo do reino. Diversos indícios mostram que ele não se referiu só ao reino literal, sobre a terra, o reino político, mas também aludiu ao reino dos céus, à salvação, ao destino dos seres humanos. Para que alguém alcance esse destino e o reino dos céus, os lugares celestiais, é mister que ouça e pratique as palavras do Rei.
"Ouve...pratica". Esses dois aspectos sempre andam juntos. Nesse ponto é que falhavam os falsos profetas. É o que os discípulos falsos apenas fingiam fazer. E é isso que os discípulos autênticos devem fazer.
"Homem prudente". O homem sem bom senso se deixaria impressionar pelo terreno nivelado, sem rochas, que não precisasse de preparo, como se já estivesse pronto para receber a construção. Mas a areia é traiçoeira. Em contraste, o prudente pensaria no futuro, nos ventos, nas inundações. Escolheria terreno pedregoso, apesar de tal terreno requerer muito preparo e trabalho, para que a casa começasse a ser edificada. Este homem prudente simboliza os que ouvem e praticam os ensinos de Jesus. Não faltariam a tal homem as tempestades e os períodos de dificuldade, mas no fim o resultado justificaria sua decisão na escolha do terreno. Esse é o homem que considera bem o ensino, aprende-o e torna-o regra de vida.
"Sua casa". Não visava a ostentação, mas tinha por finalidade ficar firme, em meio às tempestades. A casa é o símbolo da vida. A vida deve ser edificada com bom senso, considerando o futuro, e não apenas o presente, de acordo com os princípios ditados por aquele que dá a vida e a sustenta. A vida física deve ser usada para obter e desenvolver a vida eterna.
"rocha". Provavelmente Jesus se refere a si mesmo e aos seus discípulos verdadeiros. A alusão é à terra rochosa, pedregosa, que serve de bom alicerce para as edificações. Mas, na aplicação simbólica dessas palavras não há que duvida de que Jesus falou de si mesmo. Jesus é quem tem as palavras de vida eterna, porquanto ele é o pioneiro e o consumador da fé, o caminho e a vida. Portanto ele é a rocha. O ensino é que a vida deve estar inteiramente vinculada, edificada e voltada em Cristo.
7.25 "Desceu a chuva, vieram as torrentes, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, e ela não caiu; pois estava edificada sobre a rocha."
Construção edificada na rocha.
"Ventos, chuva, rios". Diversos intérpretes fazem desses símbolos de turbulência, comparações com as tentações, com os dolores Messiae, com as perseguições, com as heresias na igreja, etc. Outros ensinam que estão subtendidas três provas diversas, como : 1. Chuva: as aflições temporais; 2. Rio: as provas que resultam do maltrato por parte de outros homens; 3. Vento: As tentações e as provas que se originaram em Satanás ou nos demônios. Provavelmente Jesus falou em termos gerais, que incluem essas ideias, mas sem fazer referência exata ou intencional a essas coisas.
"não caiu". Os pais da igreja aplicavam essas palavras, a própria igreja como edifício de Cristo, e nisso encontravam o cumprimento de suas palavras: "Edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.(Mateus 16:18)". Isso é verdade, sendo possível que esteja subtendido nas palavras de Jesus, mas a principal interpretação é a da vida individual. As pessoas que realmente têm a Cristo como fundamento e edificam uma vida de discipulado autêntico sobre ele, alcançarão o destino desta vida.
7.26 "Mas todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as observa, será comparado a um homem néscio, que edificou a sua casa sobre a areia."
Restos de uma construção destruída pelo vento.
"Ouve...não pratica...casa sobre a areia". Nota-se que realmente a ideia principal não é a de dois fundamentos, porque a areia não é um fundamento. Aquele que edifica sobre a areia não tem alicerce algum; ignora essa necessidade. A experiência humana mostra que muitos se alicerçam em coisas sem a aprovação de Deus, e muitos outros não têm base de espécie alguma. Ambos os tipos ignoram a maior necessidade, O alicerce na rocha. Os cães e os porcos do vs. 6 exemplificam aqueles que não têm alicerce. Os fariseus, os falsos profetas, os discípulos e autoridades falsas, são exemplos de pessoas com alicerces falsos. Todos esses são insensatos. Essa palavra é dura, pois é palavra que Jesus proibiu de ser aplicada aos outros. O seu sentido principal é embotado, pesado estúpido. Era o termo empregado para dar a entender uma comida sem sabor. Todos esses sentidos podem ser aplicados à alma e à mente do homem que ouve mas não pratica os ensinos de Jesus.
7.27 "Desceu a chuva, vieram as torrentes, sopraram os ventos e bateram com ímpeto contra aquela casa, e ela caiu: e foi grande a sua ruína."
Notemos que este pode passar pelas primeiras provas do primeiro homem, mas com resultado diferente. "Sendo grande a sua ruína", Jesus deixa novamente subtendido o juízo, a perda do destino da vida, a razão mesma da existência.
Julgamento Final.
Wiersbe diz que depois da ilustração dos dois caminhos e das duas árvores, Jesus encerra sua mensagem descrevendo dois construtores e duas casas. Os dois caminhos ilustram o começo da vida de fé, e as duas árvores ilustram o crescimento e os resultados dessa vida de fé aqui e agora. As duas casas, por sua vez, ilustram o fim dessa vida de fé, quando Deus julgará todas as coisas. Há falsos profetas junto à porta que conduz para a estrada espaçosa, facilitando a entrada de todos. Mas, no final desse caminho, há destruição. O teste final não é o que pensamos de nós mesmos, ou o que os outros pensam de nós, mas sim: o que Deus dirá? Como se preparar para esse julgamento? Fazendo a vontade de Deus. A obediência a sua vontade é a prova da verdadeira fé em Cristo. Tal prova não consiste em palavras, não é dizer: "Senhor, Senhor" e não obedecer a suas ordens. Como é fácil aprender um vocabulário religioso, até memorizar versículos bíblicos e canções, e ainda assim não obedecer à vontade de Deus. Quem é, verdadeiramente, nascido de novo tem o Espírito de Deus habitando dentro de si (Romanos 8:9), e o Espírito permite que conheça a vontade do Pai. O amor de Deus em seu coração (Romanos 5:5) motiva-o a obedecer a Deus e a servir aos outros. Nem palavras nem atividades religiosas substituem a obediência. A pregação, o exorcismo e a operação de milagres podem ter inspiração divina, mas não garantem a salvação. É bem possível que até mesmo Judas tenha participado de algumas ou talvez de todas essas atividades, mas, mesmo assim, não era um cristão verdadeiro. Nos últimos dias, Satanás usará "prodígios da mentira" para enganar as pessoas (II Tessalonicenses 2:7-12). É preciso ouvir a Palavra de Deus e praticá-la (Tiago 1:22-25). Não se deve apenas ouvir (ou estudar) o que está escrito. O ouvir deve redundar em ações. É isso o que significa construir a casa na rocha. Não se deve confundir esse símbolo com a "rocha" de I Coríntios 3:9. Ao pregar o evangelho e ganhar almas para Cristo, Paulo fundamentou a igreja local de Corinto em Jesus Cristo, pois ele é o único alicerce verdadeiro da igreja local.
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